Nosso esqueleto
é formado de 206 ossos feitos da mesma matéria prima que dá sustentação a pele:
as fibras de colágeno. Para formar os ossos, essas fibras interagem com os
minerais que contém cálcio e, como qualquer tecido vivo, mantém-se em
permanente reconstituição. Células denominadas osteoblastos e osteoclastos
estão na origem desse processo dinâmico. As primeiras formam tecido ósseo novo
e as últimas destroem o velho. Sem essa dinâmica nosso esqueleto estaria
sujeito a lesões por fadiga ainda na juventude.
O processo de reconstituição é permanente, mas o pico da densidade óssea é
determinado no tempo. Ocorre por volta dos 30 anos. Até essa idade ganhamos
mais osso do que perdemos. A partir de então, o processo se inverte e é preciso
impedir que se instale a perda de massa óssea que caracteriza a osteoporose. Entre
30 e 40 anos a mulher perde 0,18% de osso esponjoso por ano -- o tecido
predominante nas vertebras, nos ossos da pelve e nas extremidades dos ossos
longos e dos ossos chatos. Nos cinco primeiros anos após a menopausa, a perda
passa a ser de 1,4% ao ano. Não é o fim do esqueleto, naturalmente, mas a
desvantagem feminina é grande nessa área, pois as mulheres têm 25% a 30% menos
massa óssea do que os homens e perdem 35% de osso compacto e 50% do tecido
esponjoso ao longo da vida, enquanto os homens perdem menos da metade dessas
porcentagens.
Correm mais risco de desenvolver osteoporose as mulheres que tem histórico da
doença na família, as que são pequenas e magras, as fumantes e as que usam
medicamentos à base de cortisona ou tomam hormônio para controlar o
hipertireoidismo.
A prevenção da osteoporose na menopausa depende da dieta, que dever ser rica em
cálcio, com suplementação desse mineral, quando necessário e também está
associada com a prática de atividade física e a exposição ao sol. Para quem tem
risco de desenvolver a doença o arsenal de medicamentos é amplo. Inclui, por
exemplo, substâncias químicas não hormonais denominadas alendronatos ou
risendronatos, que melhoram a dinâmica de remodelação óssea, prevenindo a perda
óssea ou reduzindo a atividade das células destruidoras de osso, os
osteoclastos. Tais fármacos são de uma geração mais recente e não causam os
distúrbios gástricos típicos da geração anterior dessa classe de drogas,
conhecida como bisfosfanato.
Os moduladores seletivos de receptores de estrogênio são outra alternativa de
tratamento. Os Selective Estrogen Receptor Modulatorsou SERMs, como
este medicamento é conhecido na abreviação do inglês, são fármacos que imitam a
ação dos estrogênios sobre os ossos e o colesterol, mas sem causar os efeitos
negativos desses hormônios nas mamas e no útero. Eles não podem ser usados por
mulheres com risco de desenvolver coágulos ou trombos, ou que sofrem de doença
no fígado.
Uma versão sintética do paratormônio PTH, uma substância fabricada naturalmente
nas paratireóides (quatro pequenas glândulas que ficam no pescoço e regulam a
disponibilidade do cálcio e do fósforo no organismo), é outra opção para o
tratamento da osteoporose instalada. Feito com a tecnologia da engenharia
molecular, o PTH sintético revelou-se capaz de formar osso novo, diferente dos
outros medicamentos, que previnem ou contém a perda de massa óssea.
Para evitar que a osteoporose se instale é preciso cuidar da dieta, fazer
exercícios e tomar sol. A vitamina D, metabolizada na pele, é uma espécie de
chave que abre portas, do começo ao fim do ciclo de remodelação óssea: ela facilita
a absorção do cálcio pelo intestino, dá o empurrão para sua entrada na corrente
sanguínea e ainda ajuda a sua deposição final no osso.
O consumo de cálcio recomendado para quem tem 45 anos ou mais é de 1500 mg
diários, o equivalente a um litro de leite. É óbvio que ninguém toma tanto
leite assim, mas existem outros alimentos ricos em cálcio que podem compor esse
cardápio como os peixes e sardinhas, os frutos do mar e as amêndoas e avelãs.
Essas últimas são poderosas porque, além do mineral, contém fósforo em
abundância, um elemento que favorece a melhor absorção do cálcio pelo
organismo.
Adquirir o
hábito de consumir alimentos ricos em cálcio bem antes da menopausa e exercitar
os músculos quando ela estiver se aproximando, com atividades vigorosas como
corrida, ginástica e levantamento de peso, é decisivo para atenuar a perda
óssea na transição. O exercício leva o músculo a pressionar o osso, e essa ação
simples, mecânica, estimula a formação de massa óssea. Como se não bastasse
esse efeito, há que se considerar que quanto mais tempo viver, mais a mulher
precisará dos músculos para proteger seus ossos frágeis e porosos.
Fonte: http://www.sogesp.com.br